Autossabotagem: Por Que Fazemos Isso? Um Olhar da Psicologia Sobre Como Mudar Padrões

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

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Introdução

Você já esteve prestes a alcançar um objetivo importante e, de repente, fez algo que colocou tudo a perder? Talvez tenha procrastinado, perdido um prazo essencial ou iniciado uma discussão sem motivo aparente. Se isso soa familiar, pode ser que você esteja vivendo um padrão bastante comum: a autossabotagem.

A autossabotagem acontece quando criamos, de forma consciente ou inconsciente, obstáculos que nos impedem de conquistar aquilo que realmente desejamos. Pode parecer paradoxal: por que alguém deixaria de lado algo que sonha? Mas a mente humana funciona em camadas profundas, e muitas vezes há medos escondidos, crenças enraizadas ou hábitos antigos que nos levam a agir contra os próprios interesses.

Neste artigo, você encontrará uma reflexão acessível e prática sobre:

  • os principais tipos de comportamento autossabotador,
  • as raízes psicológicas que explicam por que nos sabotamos,
  • e algumas estratégias iniciais para quebrar esse ciclo e retomar o controle da própria vida.

Os 4 Tipos Mais Comuns de Comportamento Autossabotador

Embora cada pessoa tenha sua história e seus desafios, existem alguns padrões de autossabotagem que aparecem com frequência. Reconhecê-los é o primeiro passo para lidar com eles de forma consciente.

1. Procrastinação

Deixar para depois tarefas importantes é um dos sinais mais claros de autossabotagem. Muitas vezes, não se trata de preguiça, mas de medo: medo de falhar, medo de não estar à altura ou até medo de dar certo e ter que lidar com novas responsabilidades. O “vou fazer amanhã” pode parecer inofensivo, mas se torna um ciclo que bloqueia avanços significativos.

2. Perfeccionismo

À primeira vista, pode até soar como algo positivo, mas o perfeccionismo costuma esconder insegurança. A ideia de que “se não for perfeito, é melhor nem fazer” impede a finalização de projetos, paralisa ideias e bloqueia oportunidades. Em outras palavras, é um mecanismo elegante de evitar julgamentos, mas que mantém a pessoa presa.

3. Autocrítica Destrutiva

Todos temos um diálogo interno, mas quando essa voz é constantemente negativa, ela mina a motivação e a confiança. A autocrítica em excesso reforça crenças como “não sou bom o suficiente” ou “vou fracassar de qualquer jeito”. Assim, a pessoa deixa de tentar por acreditar que não vale a pena.

4. Desvalorização do Sucesso

Mesmo quando alcançamos conquistas, muitas vezes tendemos a diminuí-las. Frases como “foi só sorte”, “qualquer um faria isso” ou “da próxima vez não vai dar certo” são comuns em quem sofre da chamada Síndrome do Impostor. Isso gera um ciclo: a pessoa não reconhece o que já fez, e assim continua acreditando que não é capaz.

As Raízes Psicológicas: Por Que Nos Sabotamos?

A autossabotagem não acontece por acaso. Ela geralmente está ligada a experiências passadas, crenças sobre nós mesmos e até mecanismos de proteção que, em algum momento da vida, fizeram sentido. Vamos explorar algumas das raízes mais comuns:

Medo do Sucesso (e da Mudança)

Pode parecer contraditório, mas muitas pessoas têm medo de conseguir o que desejam. O sucesso traz mudanças: mais responsabilidades, novos desafios, maior visibilidade. Assim, o cérebro entende que é mais “seguro” permanecer onde está do que enfrentar o desconhecido.

Baixa Autoestima

Quando existe a crença interna de que “não mereço coisas boas”, a pessoa inconscientemente cria provas para confirmar isso. Ao perder prazos, procrastinar ou se criticar demais, ela fortalece a sensação de não ser capaz. Esse padrão é doloroso, mas muito comum.

Necessidade de Controle

Para algumas pessoas, falhar de propósito dá uma sensação de controle. É como pensar: “Se vou fracassar, que seja por minha escolha, e não por fatores externos”. Assim, a autossabotagem oferece uma falsa segurança, mas que custa caro em termos de crescimento pessoal.

Padrões Aprendidos na Infância

Experiências da infância e da adolescência também moldam esses comportamentos. Se alguém cresceu ouvindo que “não é bom o bastante” ou que “algo ruim sempre acontece depois de algo bom”, pode carregar essas mensagens para a vida adulta. Assim, sem perceber, a pessoa aprende que não é “seguro” se destacar.

Como Começar a Quebrar o Ciclo da Autossabotagem?

Reconhecer que se sabota já é um passo importante, mas como mudar? A seguir, algumas práticas iniciais que podem ajudar:

1. Identifique o Padrão

Seja um observador de si mesmo. Quando você procrastina? Em que momentos a autocrítica aparece? Que conquistas você tende a minimizar? Ter clareza sobre o comportamento é o primeiro passo para quebrar o ciclo.

2. Questione a Crença Raiz

Toda ação tem uma crença por trás. Pergunte-se: “Qual é o medo escondido aqui? O que acredito que vai acontecer se eu tiver sucesso?” Muitas vezes, a resposta traz surpresas, mas também abre espaço para reflexões transformadoras.

3. Substitua a Autocrítica pela Autocompaixão

Tratar-se com dureza não gera mudança, apenas reforça a dor. Ao invés disso, pratique a autocompaixão: fale consigo mesmo como falaria com um amigo que estivesse sofrendo. Acolhimento é combustível para transformação.

4. Dê Pequenos Passos (e Celebre-os)

A autossabotagem adora a ideia de “tudo ou nada”. Por isso, mudar começa com passos pequenos. Se o problema é procrastinar, comprometa-se com apenas 15 minutos de foco em uma tarefa. O importante é começar — e comemorar cada avanço, por menor que pareça.

5. Busque Apoio Quando Necessário

Alguns padrões são profundos e difíceis de mudar sozinho(a). Nesse caso, a psicoterapia pode ser um espaço seguro para explorar crenças limitantes, ressignificar experiências e aprender novas formas de agir.

Conclusão

A autossabotagem não é preguiça, falta de disciplina ou fraqueza de caráter. É um mecanismo de defesa que, em algum momento da vida, talvez tenha feito sentido, mas que hoje pode estar limitando seu crescimento. Com consciência, reflexão e apoio, é possível transformar esse padrão e abrir caminho para novas conquistas.

Além disso, vale lembrar que a autossabotagem pode se manifestar em diferentes áreas da vida. Muitas vezes, ela aparece na relação com a comida — por exemplo, quando buscamos nos confortar através da alimentação. Nesse caso, pode ser útil conhecer também nosso guia sobre fome emocional.

Quebrar padrões de autossabotagem é uma jornada. Se você sente que esse tema faz parte da sua vida, a psicoterapia pode ser um passo importante para se libertar de velhas crenças e construir novas possibilidades.

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⚠️ Aviso Importante
Este artigo tem caráter informativo e educativo. Não substitui avaliação, diagnóstico ou acompanhamento com um(a) psicólogo(a) ou outro profissional de saúde. Se você sente que a autossabotagem está impactando sua vida, procure apoio profissional.

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