Quando buscar terapia: um guia claro para iniciantes

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

CRP-PR 08/35178

Você já sentiu que algo não está bem, mas não sabe exatamente o que é? Já pensou em terapia como algo distante “para os que sofrem demais” e ficou adiando? Se sim, você não está sozinho.

Muitas pessoas se beneficiam imensamente quando reconhecem os sinais de que buscar ajuda pode trazer luz, alívio e confiança. Este artigo vai mostrar quando buscar terapia, apresentar os sinais de alerta, explicar o que esperar, e dar dicas práticas para quem está começando nessa jornada.

O que é terapia — e por que ela importa

Terapia (ou psicoterapia) é um processo colaborativo entre você e um profissional treinado que ajuda a entender melhor seus pensamentos, emoções e comportamentos, e a lidar com eles de formas mais saudáveis. É um espaço seguro, confidencial, livre de julgamento, em que você pode explorar o que te incomoda, descobrir padrões, transformar partes dolorosas da vida e construir estratégias de enfrentamento.

Alguns benefícios:

  • Desenvolver autoconhecimento: entender seus valores, crenças, padrões emocionais.
  • Melhorar o gerenciamento emocional: lidar com estresse, ansiedade, tristeza de forma menos avassaladora.
  • Fortalecer relacionamentos e comunicação: reconhecer como você se relaciona, onde há conflitos recorrentes, limites que precisam ser rediscutidos.
  • Prevenção: não esperar que os problemas se agravem. Intervir cedo pode evitar danos físicos, emocionais ou relacionais maiores.

Sinais de que pode ser hora de buscar terapia

Aqui vão sinais comuns que muitas pessoas experienciam antes de decidir procurar ajuda profissional. Se você se identifica com alguns deles, talvez seja o momento de considerar a terapia.

SinalO que observar
Emoções persistentes ou desproporcionaisTristeza ou ansiedade que duram semanas ou mais sem melhorar. Medo ou preocupação constantes. Sentir que qualquer pequena situação dispara uma reação emocional muito forte.
Oscilação de humor, irritabilidade frequenteMudanças de humor abruptas; dificuldade em controlar irritações ou explosões emocionais.
Problemas de sono / apetite / corpoInsônia ou dormir demais; comer muito ou muito pouco; dores de cabeça frequentes; tensão muscular; sintomas físicos sem causa médica aparente.
Desmotivação, sensação de vazio / estagnaçãoCoisas que antes davam prazer já não dão; sentir que você está “parado”, sem energia ou rumo.
Dificuldade nos relacionamentosConflitos frequentes; comunicação ruim; sentir-se desconectado; repetir padrões familiares ou pessoais dolorosos.
Eventos traumáticos ou perdas sem processamentoLuto, separação, traumas antigos que continuam afetando; sensação de que “não passou” ou “não superei”.
Pensamentos negativos ou autocríticos intensosRuminações, autocobrança forte, críticas internas constantes, sensação de culpa ou vergonha persistente.
Desejo de evitar / fugirEvitar pessoas, situações, emoções; uso de comportamentos de escape (como álcool, compras compulsivas, entretenimento em excesso) para anestesiar desconforto.

Perguntas importantes antes de buscar terapia

Muitas dúvidas surgem quando pensamos em terapia. Aqui vão algumas e como lidar com elas:

  1. “Será que meus problemas não são ‘grandes o suficiente’?”
    Terapia não é só para crises graves. Mesmo pequenas angústias, dúvidas existenciais ou fases de transição (por exemplo mudanças profissionais, término de relacionamento, dúvidas sobre si mesmo) podem se beneficiar muito.
  2. “Quanto tempo vai durar?”
    Não há regra fixa. Depende muito de sua situação, dos objetivos que você busca, da abordagem do terapeuta e de quanto você está disposto a se envolver. Pode ser algo de curto prazo (algumas semanas ou meses) ou algo mais longo.
  3. “Vai dar certo pra mim?”
    Alguns fatores ajudam bastante: sentir-se seguro para falar; vínculo de confiança com o profissional; consistência (comparecer às sessões); estar disposto a refletir sobre si mesmo e fazer mudanças, mesmo que pequenas.
  4. “Terapia vai resolver tudo?”
    Não necessariamente. A terapia pode não eliminar todos os problemas externos (como situações difíceis no trabalho ou perdas externas), mas ajuda você a lidar melhor com eles, mudar padrões internos, melhorar seu bem-estar emocional, aumentar sua resiliência.

Tipos de terapia e o que considerar

Há muitas abordagens terapêuticas; algumas podem se adequar melhor ao seu estilo, problema ou personalidade. Aqui vão alguns tipos comuns:

  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC): focada em pensamentos, crenças, comportamentos. Muito prática, com exercícios.
  • Terapia psicodinâmica / psicanálise: explora como experiências passadas e inconscientes influenciam o presente.
  • Terapia humanista / existencial: foco na pessoa, no sentido da vida, autoaceitação, autenticidade.
  • Abordagens integrativas ou de terceira onda: mindfulness, terapias focadas em emoções, terapias que combinam técnicas.

O que observar ao escolher:

  • Formação e registro profissional (psicólogo com CRP).
  • Experiência com o problema que você enfrenta.
  • Estilo de atendimento: se você prefere algo mais estruturado e direto ou algo mais exploratório.
  • Custos, formato (presencial ou online), frequência.

Como reconhecer que é hora de buscar ajuda agora

Alguns sinais indicam urgência — não espere que piore muito para agir:

  • Pensamentos de desistência, querer sumir, ou autodestruição.
  • Crises constantes que comprometem sua funcionalidade: dormir mal, não conseguir cuidar de si mesmo, o trabalho ou vida pessoal sendo muito prejudicados.
  • Uso de substâncias ou comportamentos que oferecem alívio temporário, mas pioram no longo prazo.
  • Se já tentou várias vezes resolver sozinho e sente que não avança.

O que esperar da terapia (no começo)

FaseO que pode acontecer
Primeiras sessõesAvaliação do que te trouxe até ali, história de vida, identificar padrões, estabelecer objetivos. Você poderá se sentir ansioso ou vulnerável — isso é normal.
Durante o processoTrabalhar emoções, pensamentos, vivências passadas. Trazer para o “hoje” coisas que talvez evitou. Aprender pequenas estratégias práticas: por exemplo para ansiedade, comunicação ou limites. Você pode perceber mudanças graduais.
Desafios comunsPode surgir desconforto — confrontar algo que você evita pode doer. Haver dias ruins mesmo com terapia. É parte do processo. Persistência costuma trazer frutos.
Resultados esperadosMaior clareza sobre quem você é, o que você valoriza. Melhor gestão emocional. Relações mais saudáveis. Maior sensação de sentido ou alívio no dia‐a‐dia.

Dicas práticas para quem está começando

  1. Pesquise profissionais — peça indicações, busque referências, leia depoimentos, verifique registro.
  2. Faça uma sessão experimental — verifique se você se sente confortável com o terapeuta. A empatia conta muito.
  3. Estabeleça metas pequenas — não espere mudar tudo de uma vez. Foque em melhorias graduais.
  4. Seja consistente — comparecer regularmente tem peso grande nos resultados.
  5. Anote seus sentimentos ou padrões — escrever pode ajudar a perceber coisas que se repetem. Levar essas anotações para a terapia pode acelerar o processo.
  6. Pacência e gentileza consigo mesmo — transformar padrões emocionais leva tempo. Haverão avanços e retrocessos; isso é normal.

Mitos que podem impedir de buscar terapia

MitoRealidade
“Terapia é só para quem está psicologicamente “quebrado”.”Todos podemos se beneficiar — seja para autodesenvolvimento ou para atravessar fases mais delicadas.
“Só precisa se tiver um diagnóstico grave.”Mesmo sem diagnóstico, lidar com emoções difíceis, estresse ou conflitos já justifica buscar ajuda.
“Vai ser caro / inacessível.”Há opções públicas, clínicas-escola, atendimentos online, planos de saúde; também há profissionais que trabalham com escala de preços.
“Terapia é demorada demais.”Algumas abordagens são breves; algumas pessoas sentem melhoras relativamente cedo; depende de cada pessoa.

Exemplo ilustrativo

Para tornar mais concreto, imagine esta situação:

Maria trabalha em escritório. Há meses sente que não consegue desligar do trabalho em casa; dorme mal; no fim de semana sente-se culpada por descansar; prefere ficar sozinha. Amigos dizem que ela parece triste, mas ela não consegue identificar exatamente o motivo. Já tentou hobbies, exercícios, mas continua se sentindo exausta emocionalmente.

Nesse caso, Maria apresenta vários sinais: dificuldade de desligar, problemas de sono, culpa, isolamento. Para ela, buscar terapia pode ajudar a:

  • identificar crenças como “não posso descansar” ou “se não trabalhar muito, não serei valorizada”;
  • entender porque culpa e esgotamento aparecem;
  • desenvolver estratégias de autocuidado, limites;
  • restaurar prazer nas atividades e reduzir sofrimento no dia a dia.

Conclusão: por que “quando buscar terapia” é uma pergunta que só você pode responder — mas não precisa responder sozinho

Buscar terapia é um passo de coragem, de cuidado consigo mesmo. É reconhecer que você merece bem-estar, que sentimentos difíceis não precisam ser enfrentados só, e que há formas de aliviar sofrimento, crescer emocionalmente e reconectar-se com o que te faz bem.

Se alguns dos sinais listados soaram familiares, se você sente que há espaço para mais leveza na sua vida, pode ser a hora de dar esse primeiro passo. E mesmo que seja só uma sessão para conhecer, ouvir sua história e respirar um pouco diferente — isso já pode fazer diferença.

Atendimento psicológico online com foco em Terapia do Esquema e Psiconutrição.
Este site é informativo e não substitui avaliação ou acompanhamento psicológico, médico ou nutricional.

2025 Ana Caroline Belekewice – CRP 08/35178. Todos os direitos reservados.