Padrões Repetitivos nos Relacionamentos: Como a Terapia do Esquema Quebra Ciclos

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

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Você já se viu preso em um ciclo de relacionamentos que parecem seguir o mesmo roteiro? Isso acontece mesmo com pessoas diferentes. Você atrai sempre o mesmo tipo de parceiro, enfrenta os mesmos conflitos ou sente as mesmas frustrações? Se a resposta é sim, saiba que você não está sozinho.

Mesmo sem perceber, repetimos dinâmicas relacionais que nos causam sofrimento. A boa notícia é que existe uma abordagem terapêutica poderosa capaz de iluminar e transformar esses padrões: a Terapia do Esquema.

Neste artigo, vamos mergulhar fundo nos esquemas desadaptativos precoces. Estas são crenças e padrões emocionais enraizados que se formam na infância. Eles nos acompanham até a vida adulta, influenciando drasticamente nossas escolhas e comportamentos nos relacionamentos.

Primeiramente, compreender como esses esquemas operam é o passo inicial para quebrar os ciclos repetitivos. Consequentemente, será possível construir conexões mais saudáveis e satisfatórias. Prepare-se, portanto, para uma jornada de autoconhecimento que pode revolucionar sua forma de amar e se relacionar.

O Que São Esquemas Desadaptativos Precoces? A Raiz dos Seus Padrões

Para entender os padrões repetitivos nos relacionamentos, precisamos, primeiramente, compreender os esquemas desadaptativos precoces. Imagine que, durante a infância e adolescência, experiências cruciais com nossos pais, cuidadores e pares moldam uma espécie de “lente” através da qual interpretamos o mundo, a nós mesmos e aos outros. Essas lentes, então, são os esquemas.

São padrões emocionais e cognitivos profundos e persistentes. Eles se formam quando nossas necessidades emocionais básicas (como segurança, conexão, autonomia, validação e limites realistas) não são adequadamente supridas.

Uma vez estabelecidos, esses esquemas tendem a se perpetuar ao longo da vida, mesmo que sejam prejudiciais. Além disso, eles influenciam nossos pensamentos, sentimentos, sensações corporais e, crucialmente, nossos comportamentos e escolhas nos relacionamentos.

Por exemplo, uma criança que cresceu em um ambiente onde suas necessidades emocionais foram consistentemente ignoradas pode desenvolver o esquema de Privação Emocional. Já na vida adulta, essa pessoa pode sentir-se constantemente carente em seus relacionamentos.

Consequentemente, ela pode atrair parceiros que também têm dificuldade em expressar afeto ou que a negligenciam emocionalmente, perpetuando o padrão de privação.

Como os Esquemas Se Manifestam nos Relacionamentos?

Os esquemas não agem de forma óbvia. Em vez disso, eles se manifestam de três maneiras principais em nossos relacionamentos:

  1. Manutenção do Esquema: Você se comporta de maneiras que, ironicamente, confirmam o seu esquema. Se você tem um esquema de Abandono, pode se apegar excessivamente a parceiros. Ou, ao menor sinal de distanciamento, talvez sabote a relação para “confirmar” que será abandonado.
  2. Evitação do Esquema: Você ativamente evita situações ou relacionamentos que possam ativar seu esquema. Por exemplo, alguém com esquema de Defectividade/Vergonha pode evitar intimidade profunda para não ser “descoberto” e rejeitado.
  3. Compensação do Esquema: Você age de forma oposta ao que o esquema ditaria. Uma pessoa com esquema de Subjugação, por exemplo, pode tornar-se excessivamente controladora para compensar a sensação de ser dominada.

Entender essas manifestações é vital. Afinal, elas nos mostram como, mesmo inconscientemente, contribuímos para a repetição dos padrões que tanto nos incomodam.

Os Esquemas Mais Comuns e Seus Impactos nos Relacionamentos Amorosos

A Terapia do Esquema identifica 18 esquemas, agrupados em 5 domínios. Vamos explorar alguns dos mais relevantes para os padrões repetitivos nos relacionamentos.

Primeiro Domínio: Desconexão e Rejeição

  • Abandono/Instabilidade: Sinta um medo intenso de que pessoas importantes o(a) deixarão ou serão instáveis. Nos relacionamentos, isso pode levar a ciúmes excessivos, apego sufocante ou, paradoxalmente, a um distanciamento para evitar a dor da perda.
  • Desconfiança/Abuso: Espere que os outros o(a) machucarão, abusarão, humilharão ou se aproveitarão. Isso gera dificuldade em confiar, resultando em relacionamentos superficiais ou na atração por parceiros que confirmam essa desconfiança.
  • Privação Emocional: Acredite que suas necessidades de afeto, empatia e proteção não serão supridas pelos outros. A pessoa pode sentir-se cronicamente não compreendida ou não amada, buscando parceiros emocionalmente distantes.
  • Defectividade/Vergonha: Sinta-se falho(a), inferior ou indesejável. Isso o(a) leva a esconder o “verdadeiro eu” e a atrair parceiros que, de alguma forma, reforçam essa sensação de inadequação.
  • Isolamento Social/Alienação: Sinta-se diferente, não pertencente ou isolado do mundo. Este esquema pode dificultar a formação de laços íntimos e a sensação de conexão genuína.

Segundo Domínio: Autonomia e Desempenho Prejudicados

  • Dependência/Incompetência: Acredite que você é incapaz de lidar com as responsabilidades diárias sem ajuda significativa dos outros. Este esquema atrai parceiros superprotetores ou dominadores, ou faz com que você se torne excessivamente dependente.
  • Vulnerabilidade ao Dano ou Doença: Experimente um medo excessivo de catástrofes iminentes (médicas, emocionais, financeiras). Isso pode levar a uma busca por parceiros que ofereçam segurança, mas também a uma ansiedade constante no relacionamento.

Terceiro Domínio: Limites Prejudicados

  • Arrogo/Grandiosidade: Acredite que você é superior aos outros e tem direito a privilégios especiais. Isso pode levar a relacionamentos onde a pessoa exige ser o centro das atenções, desrespeitando as necessidades do parceiro.
  • Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes: Tenha dificuldade em exercer autocontrole e tolerar frustrações. Este esquema pode gerar impulsividade nos relacionamentos, levando a decisões precipitadas ou a dificuldades em manter compromissos.

Quarto Domínio: Direcionamento para o Outro

  • Subjugação: Renda-se excessivamente às necessidades e desejos dos outros, suprimindo os próprios. Este padrão atrai parceiros dominadores e pode gerar ressentimento e frustração por suas próprias necessidades não serem atendidas.
  • Auto sacrifício: Concentre-se excessivamente em satisfazer as necessidades dos outros à custa das próprias. Similar à subjugação, essa atitude, contudo, tem uma motivação mais altruísta, ainda que prejudicial para o próprio bem-estar.
  • Busca por Aprovação/Reconhecimento: Sinta uma grande necessidade de obter aprovação, reconhecimento e atenção dos outros. Consequentemente, isso o(a) leva a comportamentos de agradar excessivamente e a uma dependência da validação externa no relacionamento.

Quinto Domínio: Supervigilância e Inibição

  • Inibição Emocional: Reprima a expressão espontânea de emoções, especialmente raiva ou alegria, para evitar desaprovação ou vergonha. Isso dificulta a intimidade emocional e a conexão profunda.
  • Padrões Inflexíveis/Crítica Excessiva: Acredite que você deve se esforçar para atender a padrões internos muito altos, geralmente com foco em perfeccionismo. Isso pode levar a uma crítica excessiva a si mesmo e ao parceiro, gerando tensão e insatisfação.

Como a Terapia do Esquema Quebra Esses Ciculos?

A Terapia do Esquema é uma abordagem integrativa. Ela combina elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), psicanálise, teoria do apego e Gestalt. Essa terapia é especialmente eficaz para problemas crônicos e padrões repetitivos, como os observados nos relacionamentos.

O processo terapêutico geralmente envolve as seguintes etapas:

  1. Identificação dos Esquemas: O primeiro passo consiste em ajudar o paciente a identificar quais esquemas desadaptativos estão ativos em sua vida. Além disso, o foco é entender como eles se manifestam nos relacionamentos atuais e passados. Para isso, são utilizados questionários, discussões e análise de padrões de comportamento.
  2. Compreensão das Origens: Explore como esses esquemas se formaram na infância. Conecte as experiências passadas com os sentimentos e comportamentos atuais. Essa compreensão é crucial para a validação emocional e para iniciar a mudança.
  3. Trabalho Experiencial e Emocional: A Terapia do Esquema não se limita ao intelecto. Ela utiliza técnicas experienciais, como a imaginação guiada e o role-playing. O objetivo é acessar e processar as emoções ligadas aos esquemas. Isso permite que o paciente “reparentalize” a si mesmo, suprindo as necessidades emocionais que não foram atendidas na infância.
  4. Quebra de Padrões Comportamentais: O terapeuta ajuda o paciente a desenvolver novas formas de lidar com as situações que ativam os esquemas. Isso envolve a prática de comportamentos mais saudáveis e funcionais. Estes, por sua vez, desafiam os padrões antigos e levam a resultados diferentes nos relacionamentos.
  5. Construção de Relacionamentos Saudáveis: O objetivo final é capacitar o paciente a escolher parceiros mais compatíveis. Ele também aprende a comunicar suas necessidades de forma eficaz. Além disso, ele estabelece limites saudáveis e constrói relacionamentos baseados em confiança, respeito e conexão genuína.

Benefícios da Terapia do Esquema para Seus Relacionamentos

Ao embarcar na Terapia do Esquema, você pode esperar uma série de transformações positivas em sua vida relacional:

  • Autoconhecimento Profundo: Você entenderá as raízes dos seus padrões. Isso o(a) capacitará a tomar decisões mais conscientes.
  • Melhora na Comunicação: Aprenderá a expressar suas necessidades e sentimentos de forma clara e assertiva.
  • Escolhas de Parceiros Mais Saudáveis: Desenvolverá a capacidade de identificar e atrair pessoas que realmente contribuam para seu bem-estar.
  • Redução de Conflitos Repetitivos: Você conseguirá quebrar os ciclos de brigas e desentendimentos que antes pareciam inevitáveis.
  • Aumento da Autoestima: Fortalecerá a crença em seu próprio valor. Assim, você se tornará menos dependente da validação externa.
  • Relacionamentos Mais Íntimos e Satisfatórios: Você construirá conexões baseadas em confiança, vulnerabilidade e autenticidade.

Liberte-se dos Ciclos e Construa o Amor que Você Merece

Os padrões repetitivos nos relacionamentos não são um destino. Pelo contrário, eles são um convite ao autoconhecimento e à transformação. A Terapia do Esquema oferece um caminho estruturado e profundo para identificar as raízes desses ciclos.

Além disso, ela ajuda a ressignificar experiências passadas e, finalmente, construir relacionamentos mais saudáveis, autênticos e felizes.

Você se sente preso(a) em dinâmicas que se repetem? Anseia por uma conexão genuína e duradoura? Ou, simplesmente, quer entender melhor a si mesmo(a) e suas escolhas amorosas? Se sim, a Terapia do Esquema pode ser a chave para a mudança.

Não se contente com menos do que você merece. Invista em seu bem-estar emocional e liberte-se para construir o amor que você sempre sonhou.

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