O Iceberg do Comportamento Alimentar: O Que Está Por Trás da Relação com a Comida

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

CRP-PR 08/35178

Você já se perguntou por que continua repetindo certos padrões alimentares, mesmo sabendo que eles não fazem bem?
Talvez você prometa que não vai comer doce durante a semana, mas acaba cedendo à tentação na terça-feira à noite. Ou decide pular o jantar para “compensar” o almoço, mas depois sente fome em excesso e perde o controle.

Essas situações não acontecem por falta de disciplina ou força de vontade. O que vemos na superfície – o comportamento em si – é apenas a ponta do iceberg. A maior parte das razões que explicam a forma como nos relacionamos com a comida está escondida, muitas vezes fora da nossa consciência.

É exatamente isso que o iceberg do comportamento alimentar nos ajuda a compreender: aquilo que aparece é apenas um reflexo de tudo o que está oculto em nossas emoções, crenças e experiências.

O Que é o Iceberg do Comportamento Alimentar?

A metáfora do iceberg é simples e poderosa. Imagine um bloco de gelo flutuando no mar: apenas 10% está visível acima da superfície, enquanto 90% permanece escondido debaixo d’água.

O mesmo acontece com nossos comportamentos alimentares:

  • O que vemos (topo do iceberg): compulsão, dietas restritivas, culpa, comer escondido, excesso de preocupação com o peso.
  • O que não vemos (base do iceberg): emoções mal reguladas, experiências passadas, crenças sobre corpo e valor pessoal, esquemas emocionais.

Ou seja, comer de forma descontrolada ou restritiva não é o problema em si, mas um sintoma de algo mais profundo.

O Que Está Visível: A Ponta do Iceberg

Na superfície, o comportamento alimentar pode se manifestar de formas diferentes:

1. Compulsão Alimentar

Comer em excesso, rapidamente e sem controle. Muitas vezes acompanhado de culpa ou vergonha depois.

2. Restrição Excessiva

Dietas rígidas, cortar grupos alimentares, pular refeições. No início parece funcionar, mas logo se transforma em gatilho para episódios de exagero.

3. Culpa e Autocrítica

A sensação constante de estar “falhando” em relação à comida, gerando baixa autoestima e sensação de incapacidade.

4. Regras Alimentares Extremas

“Não posso comer carboidrato”, “doce só no fim de semana”, “se comer pizza, preciso compensar na academia”.

Esses são os sinais que enxergamos. Mas o verdadeiro trabalho começa quando mergulhamos na parte invisível do iceberg.

O Que Está Escondido: A Base do Iceberg

Aqui estão as raízes emocionais e psicológicas que sustentam os comportamentos alimentares.

Emoções Não Reconhecidas

A comida muitas vezes cumpre o papel de regular emoções difíceis. Ansiedade, solidão, frustração e até alegria podem se transformar em gatilhos para comer.

Crenças Limitantes

“Eu não tenho controle”, “só sou bonita se emagrecer”, “não posso desperdiçar comida”. Essas crenças, formadas ao longo da vida, influenciam diretamente como nos relacionamos com a comida.

Experiências da Infância

Muitos adultos carregam marcas de frases ditas na infância:

  • “Se não comer tudo, não sai da mesa.”
  • “Você engordou, precisa fechar a boca.”
  • “Menina bonita não come tanto.”

Essas mensagens moldam nossa relação com corpo, fome e saciedade.

Esquemas e Padrões Emocionais

Na psicologia, chamamos de esquemas emocionais os padrões que se repetem em nossas vidas. No campo da alimentação, eles podem se manifestar em forma de privação, autocrítica ou necessidade de controle.

Como o Iceberg Pode Ajudar no Autoconhecimento

Entender o iceberg do comportamento alimentar traz alguns benefícios importantes:

  • Reduz a culpa: você percebe que não se trata apenas de força de vontade, mas de um conjunto de fatores emocionais e psicológicos.
  • Amplia a consciência: começa a enxergar além do ato de comer, identificando gatilhos e emoções.
  • Abre espaço para mudança: ao olhar para a base, fica possível adotar estratégias mais eficazes e gentis consigo mesma.

Estratégias Práticas Para Olhar Além da Superfície

1. Diário Alimentar Emocional

Em vez de anotar apenas o que comeu, registre também como se sentia antes e depois. Com o tempo, os padrões emocionais se tornam mais claros.

2. Técnicas de Regulação Emocional

Praticar respiração profunda, pausas conscientes ou caminhadas curtas pode ajudar a lidar com a ansiedade sem recorrer à comida.

3. Compaixão Consigo Mesmo

Troque a autocrítica por autocompreensão. Pergunte-se: “O que eu realmente estou precisando agora?”

4. Apoio Profissional

O acompanhamento psicológico e nutricional é essencial para lidar com as raízes do comportamento.

5. Pequenos Passos Sustentáveis

Em vez de dietas radicais, comece por metas possíveis: incluir uma fruta por dia, respeitar a fome, comer sem distrações.

Quando Buscar Ajuda Profissional

Se a relação com a comida traz sofrimento constante, interfere no humor ou prejudica a vida social, é hora de buscar apoio.

A psicoterapia oferece um espaço seguro para olhar para o que está escondido no iceberg e trabalhar estratégias emocionais de longo prazo.

⚠️ Importante: este conteúdo tem caráter informativo e não substitui acompanhamento psicológico ou nutricional. Se você se identificou com os exemplos acima, considere agendar uma consulta com um profissional de sua confiança.

👉 Agende sua sessão comigo aqui

Conclusão

O iceberg do comportamento alimentar mostra que, para transformar nossa relação com a comida, precisamos olhar além da superfície. O que parece apenas “falta de disciplina” geralmente é um reflexo de emoções, crenças e histórias que carregamos ao longo da vida.

Quanto mais consciência você tiver sobre a base do seu iceberg, mais livre ficará para escolher novos caminhos — com menos culpa, mais equilíbrio e mais respeito ao seu corpo e à sua história.

✍️ Psi Ana Caroline Belekewice – CRP 08/35178
Este artigo é informativo e não substitui acompanhamento psicológico.

Atendimento psicológico online com foco em Terapia do Esquema e Psiconutrição.
Este site é informativo e não substitui avaliação ou acompanhamento psicológico, médico ou nutricional.

2025 Ana Caroline Belekewice – CRP 08/35178. Todos os direitos reservados.