Esquemas da Terapia do Esquema: O que São e Como Funcionam

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

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Você já se perguntou por que certos padrões parecem se repetir na sua vida? Talvez você se cobre demais, escolha sempre parceiros indisponíveis ou sinta que nunca é “bom o suficiente”. Mesmo tentando mudar, os mesmos ciclos retornam.

Isso não acontece por acaso. Na Terapia do Esquema, criada por Jeffrey Young, esses padrões são explicados pelos chamados esquemas iniciais desadaptativos. Eles são como “mapas emocionais” criados na infância, que moldam a forma como interpretamos o mundo e nos relacionamos.

Neste artigo, você vai entender de forma clara e prática:

  • O que são os esquemas da Terapia do Esquema;
  • Como eles se formam;
  • Quais são os principais tipos de esquemas;
  • Como eles afetam sua vida adulta;
  • De que forma a psicoterapia pode ajudar na mudança.

O que é a Terapia do Esquema?

A Terapia do Esquema é uma abordagem psicológica desenvolvida nos anos 1980 pelo psicólogo Jeffrey Young. Diferente da terapia cognitivo-comportamental tradicional, que foca nos pensamentos atuais, ela busca compreender a origem profunda de padrões emocionais que se repetem.

Essa abordagem parte da ideia de que muitas das nossas dificuldades emocionais vêm de necessidades emocionais básicas não atendidas na infância. Quando essas necessidades não são supridas, criamos crenças rígidas (os esquemas) que continuam influenciando nossas escolhas na vida adulta.

É uma abordagem indicada para:

  • Questões de autoestima e autocrítica;
  • Dificuldades em relacionamentos;
  • Transtornos de ansiedade e depressão recorrente;
  • Transtornos de personalidade;
  • Questões alimentares relacionadas às emoções.

O que são os Esquemas?

Os esquemas iniciais desadaptativos são padrões emocionais e cognitivos profundos. Eles começam a se formar na infância, quando nossas necessidades de amor, segurança, validação e limites realistas não são totalmente atendidas.

Por exemplo:

  • Uma criança constantemente criticada pode acreditar que nunca é boa o suficiente.
  • Uma criança que se sentiu rejeitada pode crescer com medo de ser abandonada.
  • Uma criança superprotegida pode se tornar adulta insegura e dependente.

Essas crenças se cristalizam e passam a influenciar pensamentos, emoções e escolhas, mesmo que a pessoa já esteja em um contexto diferente.

Como os Esquemas se Formam?

A origem dos esquemas envolve três fatores principais:

  1. Experiências de infância (críticas, rejeição, negligência, abuso ou superproteção).
  2. Temperamento inato (traços de personalidade e sensibilidade emocional).
  3. Ambiente social e familiar (estilo parental, cultura, vínculos afetivos).

É como se, diante de situações repetidas, a criança criasse “verdades internas” sobre si mesma e o mundo. Essas verdades podem ajudar em alguns contextos, mas muitas vezes se tornam rígidas e limitantes na vida adulta.

Os 18 Esquemas da Terapia do Esquema

Jeffrey Young identificou 18 esquemas iniciais desadaptativos, organizados em 5 domínios principais.

1. Desconexão e Rejeição

Sentimento de que suas necessidades emocionais não serão atendidas.

  • Abandono: medo constante de ser deixado.
  • Desconfiança/Abuso: expectativa de ser enganado ou ferido.
  • Privação Emocional: crença de que nunca terá apoio ou carinho suficientes.
  • Defectividade/Vergonha: sensação de ser defeituoso ou indigno.
  • Isolamento Social: sentir-se diferente e excluído.

2. Autonomia e Desempenho Prejudicados

Dificuldade em se sentir independente ou capaz.

  • Dependência/Incompetência: acreditar que não consegue cuidar de si.
  • Vulnerabilidade a Danos: medo exagerado de acidentes ou catástrofes.
  • Emaranhamento: identidade muito ligada à de outra pessoa.
  • Fracasso: sensação persistente de não ser capaz.

3. Limites Prejudicados

Dificuldade em reconhecer regras e limites realistas.

  • Grandiosidade: se ver como superior, esperando privilégios.
  • Autocontrole Insuficiente: dificuldade em adiar prazeres ou controlar impulsos.

4. Orientação para o Outro

Priorizar demais os outros em detrimento de si mesmo.

  • Subjugação: viver para agradar, anulando-se.
  • Auto-sacrifício: abrir mão das próprias necessidades constantemente.
  • Busca de Aprovação: necessidade excessiva de ser aceito.

5. Supervigilância e Inibição

Regras rígidas e cobrança excessiva.

  • Negatividade/Pessimismo: foco exagerado nos problemas.
  • Inibição Emocional: evitar expressar sentimentos.
  • Padrões Inflexíveis: cobrança constante por perfeição.
  • Postura Punitiva: tendência a punir a si ou aos outros.

Como os Esquemas se Manifestam na Vida Adulta

Os esquemas funcionam como filtros. Eles não apenas influenciam pensamentos, mas também moldam relacionamentos e decisões.

Exemplos:

  • Esquema de Abandono: sentir ciúmes excessivos ou escolher parceiros distantes.
  • Esquema de Defectividade: rejeitar elogios, acreditar que não merece amor.
  • Esquema de Padrões Inflexíveis: viver em constante cobrança, nunca satisfeito.

Com isso, a pessoa pode se autossabotar, repetindo ciclos dolorosos que confirmam suas crenças negativas.

Modos da Terapia do Esquema

Além dos esquemas, a abordagem fala sobre os modos, que são estados emocionais ativados em certas situações.

Exemplos:

  • Criança Vulnerável: sente medo, solidão e insegurança.
  • Pai Crítico: voz interna dura e punitiva.
  • Adulto Saudável: parte equilibrada que busca soluções.

O objetivo da terapia é fortalecer o Adulto Saudável, ajudando a acolher a Criança Vulnerável e a confrontar o Pai Crítico.

Como a Psicoterapia Ajuda na Mudança dos Esquemas

Trabalhar os esquemas não significa apagá-los, mas aprender a lidar de forma mais saudável com eles.

Na terapia, o processo envolve:

  • Psicoeducação: entender como funcionam os esquemas.
  • Reestruturação cognitiva: questionar crenças rígidas.
  • Técnicas vivenciais: imaginação guiada, exercícios emocionais.
  • Trabalho com modos: fortalecer o Adulto Saudável.

Com o tempo, a pessoa aprende a reconhecer gatilhos, a reagir de forma diferente e a construir uma relação mais saudável consigo mesma.

Exemplo Prático

Uma pessoa com esquema de Vergonha/Defectividade pode pensar: “Se soubessem quem eu sou de verdade, não gostariam de mim.”

Na terapia, essa crença é identificada, entendida em sua origem e confrontada. Aos poucos, a pessoa passa a aceitar elogios, reconhecer qualidades e se relacionar de forma mais autêntica.

FAQ sobre Esquemas na Terapia do Esquema

Todos têm esquemas?

Sim. O que muda é se eles são adaptativos ou desadaptativos.

Esquema é o mesmo que trauma?

Não. Traumas podem gerar esquemas, mas nem todo esquema vem de um trauma grave.

Dá para eliminar um esquema?

O objetivo não é eliminá-los, mas aprender a lidar de forma mais flexível.

Quanto tempo dura a Terapia do Esquema?

É um processo de médio a longo prazo, pois trabalha com padrões profundos.

Posso identificar meus esquemas sozinho?

Você pode reconhecer padrões, mas o trabalho terapêutico é essencial para mudança real.

Conclusão

Os esquemas da Terapia do Esquema explicam por que tantas vezes repetimos histórias de dor e frustração. Reconhecê-los é o primeiro passo para quebrar ciclos e construir uma vida mais leve.

Se você se identificou com alguns exemplos, saiba que isso não significa que há algo de “errado” com você. Significa apenas que existem padrões que podem ser transformados com apoio adequado.

A psicoterapia é um espaço seguro para esse processo. Se deseja iniciar essa jornada, você pode agendar sua sessão de terapia online.

Leia também: Terapia do Esquema para Ansiedade

Psi Ana Caroline Belekewice – CRP 08/35178
Este artigo tem caráter informativo e não substitui a psicoterapia. Caso perceba sofrimento emocional intenso, procure apoio profissional.

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