Escolher uma psicóloga é um passo muito importante e, muitas vezes, cheio de dúvidas. Nem sempre é fácil dar o primeiro passo em direção à terapia. É comum pensar: “E se eu não gostar da psicóloga?”, “Como saber se ela vai me entender?”, “E se eu não souber o que falar?”
Antes de qualquer coisa, quero te dizer: é absolutamente normal ter essas dúvidas. A busca por ajuda psicológica é um ato de coragem e autocuidado, e o processo de encontrar a profissional certa faz parte dessa caminhada.
Eu mesma, antes de me tornar psicóloga, já passei por esse processo de procurar alguém com quem me identificasse. Fiz algumas sessões com diferentes profissionais até perceber que não havia nada de “errado” com elas — era apenas uma questão de identificação. Assim como em qualquer relação humana, o vínculo terapêutico também precisa de sintonia.
Neste artigo, preparei um guia prático para te ajudar a entender o que observar na hora de escolher sua psicóloga — desde as questões mais práticas até os aspectos mais subjetivos, como a sensação de acolhimento e confiança.
1. Entenda o que você está buscando
Antes de escolher uma psicóloga, vale refletir: o que te trouxe até aqui? Você está passando por um momento de crise, ansiedade, compulsão alimentar, dificuldades nos relacionamentos ou quer se conhecer melhor?
Ter essa clareza (mesmo que parcial) ajuda muito a direcionar a escolha. Por exemplo:
- Se você está enfrentando sintomas intensos de ansiedade, pode buscar alguém com experiência em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ou Terapia do Esquema.
- Se o objetivo é o autoconhecimento, abordagens como Psicanálise ou Gestalt-terapia podem fazer mais sentido.
Importante: você não precisa saber exatamente “o que tem” para começar. Muitas pessoas chegam à terapia justamente para entender o que estão sentindo — e tudo bem.
2. Pesquise sobre a formação e a especialização
No Brasil, toda psicóloga deve ter registro ativo no Conselho Regional de Psicologia (CRP). Verifique sempre se a profissional informa seu número de CRP — isso garante que ela está legalmente habilitada a exercer a profissão.
Além disso, observe as áreas de especialização. Cada abordagem psicológica tem sua forma de compreender e trabalhar o sofrimento humano. Por exemplo:
- TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental): foca na relação entre pensamentos, emoções e comportamentos.
- Terapia do Esquema: trabalha crenças e padrões emocionais formados na infância.
- Psicanálise: busca compreender o inconsciente e os processos emocionais mais profundos.
- Gestalt-Terapia: enfatiza o contato com o presente e a responsabilidade pessoal.
Não existe “a melhor abordagem”, e sim aquela que faz mais sentido para você e para o seu momento.
3. Observe como você se sente no primeiro contato
A primeira sessão é uma ótima oportunidade para perceber o vínculo e o estilo da psicóloga. Pergunte-se:
- Senti que fui ouvido(a) com empatia?
- Consegui falar sobre o que me incomoda sem me sentir julgado(a)?
- Houve espaço para o que eu sinto?
Essas percepções são fundamentais. Não se trata de “gostar” da psicóloga como se fosse uma amizade, mas de sentir segurança emocional — a certeza de que há um espaço de escuta e respeito.
Trocar de psicóloga não é um fracasso; é uma forma de respeitar o seu processo.
4. Avalie aspectos práticos também
Além da identificação, é importante pensar nos fatores práticos:
- Formato: online ou presencial?
- Horário: compatível com sua rotina?
- Valor e forma de pagamento: estável para você?
- Política de cancelamento: bem explicada e transparente?
Esses detalhes fazem diferença no andamento da terapia. Ter clareza sobre as condições ajuda na constância — que é essencial para o progresso terapêutico.
5. Dê tempo ao processo
Criar vínculo leva tempo. A terapia é um espaço que vai se tornando mais profundo à medida que você se sente seguro(a) para se abrir.
As primeiras sessões podem parecer estranhas e isso não significa que está “dando errado”. Dê tempo ao vínculo e converse com a psicóloga se algo te incomodar. Esse diálogo faz parte do processo terapêutico.
6. O que não deve acontecer em uma terapia
Mesmo que a terapia seja um espaço humano e de troca, existem limites éticos claros que protegem o paciente. Fique atento(a) se perceber situações como:
- Julgamentos sobre suas escolhas;
- Conselhos diretos (“faça isso” ou “termine com tal pessoa”);
- Falta de sigilo sobre o que é dito nas sessões;
- Convites ou envolvimentos fora do ambiente terapêutico.
Toda relação terapêutica deve ser baseada em respeito, confidencialidade e acolhimento. Se algo te deixar desconfortável, você tem o direito de encerrar o atendimento e buscar outra profissional.
7. Quando você encontra a psicóloga certa
Quando o vínculo começa a se consolidar, algo muda dentro de você. Você passa a se sentir visto(a), compreendido(a) e respeitado(a) — mesmo ao falar de coisas difíceis.
A psicóloga certa te ajuda a enxergar padrões, desenvolver autocompaixão e criar novas formas de lidar com a vida. Com o tempo, a terapia deixa de ser apenas um espaço de desabafo e passa a ser um processo transformador.
Conclusão
Escolher uma psicóloga é um processo pessoal. Não existe fórmula nem abordagem perfeita. Existe você, com sua história, seu momento e suas necessidades e uma profissional que estará ali para caminhar ao seu lado.
Confie na sua percepção, dê tempo ao vínculo e lembre-se: o processo terapêutico é construído aos poucos, com presença, coragem e abertura.
“A psicóloga certa é aquela com quem você pode ser quem é — sem precisar filtrar suas dores, sem medo de ser julgado(a).”
Texto produzido por: Ana Caroline Belekewice — Psicóloga CRP 08/35178
Terapia do Esquema e Psiconutrição
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