A importância do apoio psicológico em casos de transtornos alimentares

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

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Transtornos alimentares são condições complexas que afetam não apenas o corpo, mas também a mente e as emoções. Muitas vezes, eles surgem como uma tentativa disfuncional de lidar com sentimentos difíceis, conflitos internos ou pressões externas. Por isso, o apoio psicológico é uma parte fundamental do tratamento.

Neste artigo, vamos explorar por que o acompanhamento psicológico é essencial, como ele funciona e como ele pode transformar a vida de quem enfrenta esses transtornos.

Por que o apoio psicológico é fundamental?

Os transtornos alimentares não são apenas sobre comida ou peso. Eles são a expressão de um sofrimento emocional profundo, que muitas vezes está ligado a questões como:

  • Baixa autoestima: a pessoa não se sente suficiente e busca validação através do controle do corpo.
  • Perfeccionismo: uma necessidade extrema de ser “perfeito”, que se reflete na alimentação.
  • Ansiedade e depressão: muitas pessoas com transtornos alimentares também lidam com esses transtornos emocionais.
  • Histórico de bullying ou críticas: experiências traumáticas ligadas ao corpo ou à alimentação.
  • Pressão social: a busca por padrões estéticos irreais.

A psicoterapia é o espaço onde esses sentimentos podem ser explorados, compreendidos e transformados. Ela permite que a pessoa entenda que a comida não é o verdadeiro problema — é apenas o sintoma de algo mais profundo.

Como a psicoterapia ajuda?

O trabalho psicológico nos transtornos alimentares é um processo individualizado, que varia de acordo com as necessidades de cada pessoa. Entre os principais benefícios da psicoterapia, podemos destacar:

1. Identificação de gatilhos emocionais

O psicólogo ajuda a pessoa a reconhecer os momentos e emoções que desencadeiam o comportamento alimentar disfuncional. Isso pode incluir estresse, tristeza, raiva ou até mesmo tédio.

2. Resgate da autoestima e da autoaceitação

Através do trabalho terapêutico, a pessoa aprende a se valorizar por quem é, e não pelo que vê no espelho. Esse processo é fundamental para reconstruir uma relação saudável com o próprio corpo.

3. Desconstrução de crenças disfuncionais

A psicoterapia ajuda a pessoa a questionar ideias prejudiciais como “Eu só serei feliz se for magro(a)” ou “Comer é uma fraqueza”.

4. Desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento

Ao invés de usar a comida para lidar com emoções, a pessoa aprende outras formas de lidar com o estresse e a ansiedade, como técnicas de relaxamento, prática de atividades prazerosas e autocuidado.

5. Fortalecimento da autonomia

O apoio psicológico ajuda a pessoa a fazer escolhas mais conscientes e equilibradas em relação à alimentação, sem culpa ou punição.

Tipos de abordagem psicológica mais comuns

Existem diferentes abordagens terapêuticas que podem ser eficazes no tratamento dos transtornos alimentares:

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): ajuda a pessoa a identificar e modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais em relação à comida e ao corpo.
  • Terapia Focada na Compaixão: trabalha a autocompaixão e a aceitação, essenciais para lidar com a culpa e a autocrítica.
  • Terapia Psicanalítica: investiga a origem emocional do transtorno, explorando traumas e conflitos internos.
  • Terapia Familiar: envolve os familiares no processo de tratamento, fortalecendo o suporte emocional.
  • Terapia Comportamental Dialética (DBT): ensina habilidades de regulação emocional e de enfrentamento saudável.

O papel do psicólogo não é julgar, mas acolher

Muitas pessoas que sofrem com transtornos alimentares têm medo de procurar ajuda por vergonha ou medo de serem julgadas. No entanto, o espaço terapêutico é justamente o oposto disso — é um lugar de acolhimento, onde a pessoa pode se expressar livremente, sem medo de críticas.

Frases que o psicólogo nunca deve dizer incluem:

  • “Você só precisa se controlar.”
  • “Mas você está em um peso bom.”
  • “Isso é apenas vaidade.”

Ao invés disso, o psicólogo utiliza uma escuta ativa, acolhedora e empática, ajudando a pessoa a se compreender e a se respeitar.

Como o apoio psicológico funciona na prática?

O tratamento psicológico para transtornos alimentares é um processo contínuo, que pode variar em duração dependendo da gravidade do quadro e da resposta da pessoa ao tratamento. Em geral, ele segue alguns passos:

1. Avaliação inicial

O psicólogo realiza uma avaliação completa para entender os sintomas, o histórico familiar, os gatilhos emocionais e a percepção que a pessoa tem de si mesma.

2. Estabelecimento de metas terapêuticas

Junto com o paciente, o psicólogo define objetivos para o tratamento, que podem incluir melhorar a relação com o corpo, reduzir os comportamentos alimentares disfuncionais e fortalecer a autoestima.

3. Exploração dos fatores emocionais

O foco é ajudar a pessoa a entender o que está por trás do transtorno alimentar. Isso pode incluir questões como medo de rejeição, necessidade de controle ou baixa autoconfiança.

4. Treinamento de habilidades

O psicólogo ensina técnicas para lidar com emoções difíceis, como respiração profunda, meditação e escrita terapêutica.

5. Reestruturação cognitiva

A pessoa aprende a identificar pensamentos negativos e a substituí-los por ideias mais equilibradas e realistas.

6. Encerramento e acompanhamento

Quando a pessoa está pronta, o processo terapêutico é encerrado, mas o acompanhamento psicológico pode continuar de forma espaçada, garantindo que os avanços sejam mantidos.

Quando o apoio psicológico deve ser complementado?

Em muitos casos, o tratamento dos transtornos alimentares deve ser multidisciplinar. Além do psicólogo, podem ser necessários:

  • Nutricionista: para reeducação alimentar e equilíbrio nutricional.
  • Psiquiatra: para avaliação e, se necessário, prescrição de medicamentos.
  • Médico clínico: para monitoramento da saúde física.

Essa equipe trabalha em conjunto, garantindo que o paciente receba um cuidado completo e integrado.

Como incentivar alguém a buscar apoio psicológico?

Se você conhece alguém que está sofrendo com um transtorno alimentar, é importante incentivar a busca por ajuda de forma delicada:

  • Escolha um momento tranquilo para conversar.
  • Fale sobre sua preocupação, sem julgar: “Eu percebo que você está sofrendo e me importo com você.”
  • Evite dar diagnósticos ou conselhos: “Você só precisa comer direito” não ajuda.
  • Ofereça-se para acompanhar na primeira consulta, se a pessoa desejar.

O apoio psicológico é um ato de cuidado

Buscar ajuda psicológica não é sinal de fraqueza — é um sinal de coragem. É a decisão de se cuidar, de se compreender e de se permitir viver de maneira mais leve e saudável.

Se você está enfrentando um transtorno alimentar, saiba que você não está sozinho(a). O caminho pode ser desafiador, mas com o apoio certo, é possível recuperar sua saúde e sua paz interior.

Atenção: Este conteúdo tem caráter informativo e educacional. Ele não substitui o aconselhamento, diagnóstico ou tratamento profissional de um médico, psicólogo, nutricionista ou outro profissional de saúde qualificado. Se você ou alguém que você conhece se identificou com os pontos abordados aqui, ou está preocupado(a) com um transtorno alimentar, considere procurar um(a) psicólogo(a) ou outro profissional de saúde de sua confiança. A busca por ajuda profissional é o primeiro e mais importante passo para a sua saúde e bem-estar.

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