Adolescência e transtornos alimentares: um momento delicado

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

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A adolescência é uma fase marcada por transformações físicas, emocionais e sociais. É um período em que a identidade está em construção, a imagem corporal ganha destaque e a opinião dos outros passa a ter grande importância. Em meio a essas mudanças, os adolescentes são especialmente vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Neste artigo, vamos explorar por que essa fase é tão delicada, os sinais de alerta e como oferecer apoio adequado.

Por que os adolescentes são mais vulneráveis?

Durante a adolescência, o corpo passa por mudanças rápidas e intensas: o crescimento acelerado, o surgimento de características sexuais secundárias e a redistribuição de gordura e massa muscular. Além disso, outros fatores tornam essa fase mais suscetível ao surgimento de transtornos alimentares:

1. Comparação constante

Os adolescentes passam a se comparar com amigos, influenciadores digitais e celebridades. As redes sociais intensificam essa comparação, criando uma pressão por corpos “perfeitos”.

2. Busca por aprovação social

A aceitação do grupo de amigos se torna uma prioridade. O medo de ser julgado ou rejeitado leva muitos adolescentes a tentar se encaixar em padrões estéticos.

3. Críticas sobre o corpo

Comentários de familiares, amigos ou professores podem deixar marcas profundas. Frases como “Você engordou?” ou “Você está muito magro(a)” são mais impactantes nessa fase.

4. Períodos de instabilidade emocional

A adolescência é marcada por oscilações de humor, inseguranças e busca por identidade. Os transtornos alimentares muitas vezes surgem como uma tentativa de controlar algo em meio ao caos emocional.

5. Influência da mídia

Revistas, filmes, séries e redes sociais promovem padrões de beleza muitas vezes irreais. Adolescentes são bombardeados com imagens editadas e “corpos perfeitos”, o que afeta sua autoestima.

Quais são os transtornos alimentares mais comuns na adolescência?

Embora qualquer transtorno alimentar possa surgir na adolescência, os mais comuns são:

  • Anorexia nervosa: restrição alimentar extrema, medo de ganhar peso e distorção da imagem corporal.
  • Bulimia nervosa: episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios (vômito, laxantes, exercícios).
  • Transtorno de compulsão alimentar: episódios recorrentes de comer em excesso, acompanhados de culpa e vergonha.
  • Ortorexia: obsessão por alimentação saudável, com regras rígidas e restrições.

Sinais de alerta para pais e educadores

Identificar um transtorno alimentar na adolescência pode ser desafiador, pois muitos adolescentes escondem seus comportamentos por medo ou vergonha. No entanto, alguns sinais podem indicar que algo não está bem:

Comportamentais:

  • Evitar refeições em família.
  • Fazer dietas sem orientação ou mudar drasticamente o padrão alimentar.
  • Comer em segredo ou mentir sobre o que comeu.
  • Exercício físico em excesso, mesmo quando está cansado ou lesionado.
  • Verificação constante da aparência no espelho.

Emocionais:

  • Mudanças bruscas de humor.
  • Irritabilidade ou isolamento social.
  • Baixa autoestima e autocrítica constante.
  • Ansiedade e tristeza frequentes.

Físicos:

  • Perda rápida de peso ou ganho significativo sem explicação.
  • Fadiga constante.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Tonturas e desmaios.
  • Amenorreia (ausência de menstruação em meninas).

O impacto dos transtornos alimentares na saúde dos adolescentes

Os transtornos alimentares afetam não apenas o corpo, mas também o desenvolvimento psicológico e social dos adolescentes:

  • Problemas de crescimento: desnutrição pode afetar o desenvolvimento ósseo e muscular.
  • Comprometimento escolar: dificuldades de concentração e queda no desempenho acadêmico.
  • Impacto na vida social: isolamento, conflitos com amigos e familiares.
  • Risco aumentado de depressão e ansiedade: muitas vezes, os transtornos alimentares estão associados a outros problemas emocionais.

O papel dos pais e responsáveis

Para muitos adolescentes, o apoio da família é fundamental no processo de prevenção e tratamento. Algumas atitudes que podem ajudar incluem:

1. Falar sobre saúde, não sobre aparência

Em vez de comentar sobre peso ou corpo, valorize hábitos saudáveis, como praticar atividades físicas por prazer, comer de forma equilibrada e cuidar da saúde mental.

2. Promover o diálogo aberto

Mostre ao adolescente que ele pode falar sobre suas inseguranças sem medo de julgamento. Frases como “Eu estou aqui para te ouvir” fazem diferença.

3. Ser um exemplo positivo

Evite fazer comentários negativos sobre o próprio corpo ou falar constantemente sobre dietas. O exemplo é uma das formas mais poderosas de ensinar.

4. Monitorar o uso das redes sociais

Oriente o adolescente a seguir perfis que promovam saúde e bem-estar, e a questionar padrões irreais de beleza.

5. Oferecer ajuda profissional quando necessário

Se você percebe sinais de que o adolescente está sofrendo, não hesite em buscar apoio psicológico. A psicoterapia é um espaço seguro para que ele possa falar sobre suas emoções, sem medo de julgamento.

Como a psicologia ajuda adolescentes com transtornos alimentares?

Na psicoterapia, o adolescente pode:

  • Identificar os fatores emocionais que levam ao transtorno alimentar.
  • Trabalhar a autoestima e a aceitação do próprio corpo.
  • Aprender estratégias saudáveis para lidar com o estresse e as emoções.
  • Desenvolver habilidades de enfrentamento para lidar com pressões sociais.

Em muitos casos, o acompanhamento multidisciplinar é necessário, envolvendo psicólogos, nutricionistas e, se necessário, psiquiatras.

A escola também tem um papel importante

As escolas são espaços onde muitos adolescentes passam grande parte do seu tempo. Por isso, elas também têm um papel na prevenção e identificação de transtornos alimentares:

  • Promover educação nutricional: abordando alimentação de forma positiva e não punitiva.
  • Evitar comentários sobre peso ou aparência dos alunos.
  • Treinar professores e funcionários para identificar sinais de alerta.
  • Criar espaços seguros para que os adolescentes possam falar sobre seus sentimentos.

Adolescência com saúde é adolescência com apoio

A adolescência é uma fase desafiadora, mas também é uma fase de descobertas e crescimento. Com apoio adequado, os adolescentes podem aprender a lidar com suas emoções, aceitar seus corpos e desenvolver uma relação mais saudável com a alimentação.

Se você é pai, mãe, professor ou amigo de um adolescente, lembre-se: sua escuta e acolhimento podem fazer toda a diferença.

Atenção: Este conteúdo tem caráter informativo e educacional. Ele não substitui o aconselhamento, diagnóstico ou tratamento profissional de um médico, psicólogo, nutricionista ou outro profissional de saúde qualificado. Se você ou alguém que você conhece se identificou com os pontos abordados aqui, ou está preocupado(a) com um transtorno alimentar, considere procurar um(a) psicólogo(a) ou outro profissional de saúde de sua confiança. A busca por ajuda profissional é o primeiro e mais importante passo para a sua saúde e bem-estar.

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