Os transtornos alimentares são condições psicológicas complexas que impactam profundamente a vida de milhares de pessoas, principalmente mulheres jovens e adultas. Entre os transtornos mais conhecidos estão a bulimia nervosa e a anorexia nervosa. Embora ambos envolvam uma relação conturbada com o corpo, a comida e a autoestima, eles possuem características distintas que merecem ser compreendidas com atenção.
Este artigo foi escrito para te ajudar a entender, de forma clara e acolhedora, as principais diferenças entre bulimia e anorexia, seus sintomas, causas, formas de tratamento e quando buscar ajuda profissional. Se você ou alguma mulher ao seu redor está vivendo uma relação sofrida com a alimentação, este texto pode ser o primeiro passo rumo ao cuidado e à mudança.
O que são transtornos alimentares?
Transtornos alimentares são condições de saúde mental caracterizadas por comportamentos alimentares disfuncionais acompanhados de sofrimento emocional. Eles costumam estar relacionados a uma autoimagem distorcida, medo intenso de ganhar peso, baixa autoestima, perfeccionismo, entre outros fatores.
Anorexia e bulimia são os transtornos mais clássicos e estudados dentro dessa categoria, embora existam outros, como o transtorno da compulsão alimentar, ortorexia, vigorexia, entre outros.
O que é anorexia nervosa?
A anorexia nervosa é caracterizada pela restrição alimentar extrema, com objetivo de perda de peso mesmo quando o peso corporal já está abaixo do recomendado. A pessoa com anorexia tem uma imagem distorcida de si mesma, acreditando que está acima do peso mesmo diante de sinais evidentes de magreza severa.
Sintomas comuns:
- Perda de peso significativa
- Recusa em manter um peso saudável para a altura e idade
- Medo intenso de engordar
- Distorção da imagem corporal
- Obsessão por calorias, dietas e alimentos “permitidos”
- Interrupção do ciclo menstrual (amenorreia)
- Práticas compensatórias como jejuns prolongados e atividade física excessiva
O que é bulimia nervosa?
A bulimia nervosa se caracteriza por episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios, como vômito autoinduzido, uso de laxantes, diuréticos, jejuns ou exercícios excessivos.
Diferente da anorexia, a pessoa com bulimia pode manter um peso considerado normal ou até acima do recomendável, o que dificulta o reconhecimento externo do transtorno.
Sintomas comuns:
- Episódios de alimentação compulsiva com perda de controle
- Sentimento de culpa, vergonha e arrependimento após comer
- Vômitos autoinduzidos ou uso de medicamentos para eliminar alimentos
- Flutuações de peso
- Inflamação na garganta, problemas dentários, desidratação
- Obsessão com o corpo, peso e medidas
Bulimia x Anorexia: principais diferenças
Embora compartilhem o medo intenso de engordar e a insatisfação com o corpo, bulimia e anorexia têm diferenças marcantes:
Característica | Anorexia Nervosa | Bulimia Nervosa |
---|---|---|
Peso corporal | Abaixo do normal | Normal ou acima do peso |
Comportamento alimentar | Restritivo | Compulsão seguida de purgação |
Imagem corporal | Distorcida, com obsessão pelo emagrecimento | Distorcida, com foco no controle da culpa após comer |
Compensação | Jejuns, exercícios, laxantes (em alguns casos) | Vômitos, laxantes, jejuns, exercícios excessivos |
Reconhecimento externo | Mais fácil, por conta do emagrecimento | Mais difícil, pois o peso pode estar normal |
Quais as causas desses transtornos?
Não há uma causa única. Bulimia e anorexia são transtornos multifatoriais, com influências psicológicas, familiares, sociais e biológicas:
- Pressão estética e cultos ao corpo magro
- Críticas e bullying sobre o corpo
- Histórico familiar de transtornos alimentares ou transtornos mentais
- Traumas emocionais, abuso físico ou sexual
- Baixa autoestima e necessidade de controle
- Perfeccionismo e autocrítica excessiva
A cultura da dieta, os filtros nas redes sociais e a romantização de corpos extremamente magros também têm papel significativo.
Quando buscar ajuda?
É importante procurar ajuda profissional quando houver qualquer sinal de sofrimento em relação à comida, ao corpo ou ao peso. Muitas vezes, a pessoa com bulimia ou anorexia tenta esconder seus sintomas, e familiares e amigos devem estar atentos a comportamentos como:
- Isolamento social
- Refeições evitadas ou escondidas
- Comentários negativos recorrentes sobre o corpo
- Uso frequente do banheiro após comer
- Práticas alimentares altamente regradas
Como é feito o tratamento?
O tratamento é multidisciplinar e pode envolver:
Psicoterapia
A psicoterapia é fundamental para tratar as raízes emocionais do transtorno. Entre as abordagens mais eficazes estão:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
- Terapia do Esquema
- Terapia baseada em compaixão
- Psicoterapia psicodinâmica
A psicóloga ajuda a identificar padrões de pensamento distorcidos, histórias de vida que contribuíram para o transtorno e formas saudáveis de lidar com emoções.
Acompanhamento nutricional
Com foco na reeducação alimentar, o nutricionista especializado em transtornos alimentares ajuda a reconstruir uma relação equilibrada com a comida, sem rigidez ou culpa.
Psiquiatria
Em casos mais graves, medicamentos podem ser indicados para tratar sintomas como ansiedade, depressão ou compulsão.
Apoio familiar
O envolvimento da família é importante para criar um ambiente de apoio e compreensão, especialmente em casos de adolescentes.
Qual o papel da psicóloga especializada?
A psicóloga especializada em transtornos alimentares e psiconutrição trabalha para acolher e entender a mulher como um todo: suas histórias, dores, crenças e formas de se relacionar com o mundo. É um trabalho profundo, que vai muito além do peso e da comida.
Na minha prática clínica, utilizo a terapia do esquema para compreender os esquemas emocionais que mantêm comportamentos disfuncionais, como o sentimento de não ser suficiente, medo de rejeição, necessidade de perfeição e autocrítica.
Trabalhar essas emoções, desenvolver autonomia emocional e fortalecer a autoestima são pilares do processo terapêutico.
Bulimia x anorexia vai muito além do peso
Mais do que transtornos alimentares, bulimia e anorexia são reflexos de um sofrimento emocional profundo. O corpo, muitas vezes, torna-se palco da dor, da falta de pertencimento, da insegurança e da necessidade de controle.
Se você sente que a comida e o corpo têm ocupado um espaço desproporcional na sua vida, saiba que você não está sozinha. O tratamento é possível, e a recuperação não significa voltar a ser como antes, mas construir uma nova forma de viver consigo mesma.
Quer dar o primeiro passo?
Se você se identificou com este conteúdo, agende uma sessão de psicoterapia online. Juntas, podemos trabalhar a raiz do sofrimento e reconstruir sua relação com o corpo, a comida e a autoestima de forma mais leve e verdadeira.
Este artigo tem caráter informativo e não substitui o acompanhamento profissional. Se você está lutando com um transtorno alimentar ou enfrentando uma recaída, considere buscar ajuda de profissionais especializados em transtornos alimentares, como psicólogos, nutricionistas e médicos.