5 Mitos da Dieta e Como Eles Afetam Sua Relação com a Comida

Psicóloga e pós-graduanda em Psiconutrição. Atua com Terapia do Esquema e atendimentos online, ajudando mulheres a fortalecerem sua autoestima e a construírem uma relação saudável com a comida.

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A busca pelo corpo “ideal” e pela saúde perfeita muitas vezes nos leva a um universo complexo e contraditório: o das dietas restritivas. Promessas de emagrecimento rápido e soluções milagrosas enchem as redes sociais e revistas, mas por trás delas, existem muitos mitos da dieta que, em vez de ajudar, aprisionam milhões de pessoas em um ciclo vicioso de restrição, culpa e frustração.

Este artigo é um convite para você olhar além das calorias e dos números na balança. Vamos desmistificar crenças populares sobre alimentação e emagrecimento sob uma perspectiva psicológica, revelando como nossa mente e emoções são cruciais para construir uma relação saudável e duradoura com a comida. Prepare-se para quebrar o ciclo da restrição e descobrir um caminho de liberdade e bem-estar.

O Problema do Ciclo da Dieta: Mais do Que Contar Calorias

Você já se perguntou por que as dietas, apesar de prometerem tanto, raramente funcionam a longo prazo? A resposta está na forma como elas são concebidas. A maioria das dietas restritivas foca exclusivamente no aspecto físico – o que comer, quanto comer, quando comer – ignorando completamente o complexo universo psicológico por trás da nossa relação com a comida.

O ciclo da dieta geralmente se desenrola assim:

  1. Restrição: Inicia-se uma dieta rigorosa, com muitas proibições e poucas calorias. A pessoa sente-se motivada e no controle.
  2. Privação e Desejo Aumentado: Com o tempo, a privação de certos alimentos ou a fome constante geram um desejo intenso pelo que é “proibido”.
  3. Compensação/Comer Emocional: A restrição se torna insustentável, levando a “jacadas” ou episódios de compulsão alimentar. A culpa e a frustração aparecem.
  4. Auto-Sabotagem e Desistência: Sentimentos negativos levam à desistência da dieta e, muitas vezes, ao ganho de peso (ou até mais do que o peso inicial).
  5. Novo Ciclo: A frustração motiva a busca por uma nova dieta “milagrosa”, reiniciando o ciclo.

Esse padrão não apenas é ineficaz para o emagrecimento sustentável, mas também causa danos psicológicos profundos, como ansiedade, baixa autoestima, distorção da imagem corporal e, em casos mais graves, o desenvolvimento de transtornos alimentares. A psicologia da alimentação nos mostra que é preciso ir além do prato.

Desvendando os Mitos da Dieta Sob a Ótica Psicológica

Vamos analisar alguns dos mitos da dieta mais comuns e entender por que eles nos prendem ao ciclo da restrição:

Mito 1: “Preciso cortar carboidratos para emagrecer.”

A demonização dos carboidratos é um dos pilares de muitas dietas restritivas. A perspectiva psicológica revela que essa exclusão cria um inimigo imaginário. Quando você se proíbe totalmente de comer algo que gosta e que é parte da sua cultura alimentar, o desejo por esse alimento só aumenta. O carboidrato, em sua forma integral (grãos, frutas, vegetais), é fonte de energia essencial para o corpo e o cérebro. Cortá-lo drasticamente pode levar a:

  • Fadiga e Irritabilidade: Afetam o humor e a capacidade de manter o foco.
  • Aumento da Compulsão: Ao menor “deslize”, a pessoa tende a compensar comendo grandes quantidades do alimento proibido, desencadeando culpa.
  • Relação Negativa com a Comida: A comida se torna algo a ser temido ou controlado, em vez de uma fonte de nutrição e prazer.

Perspectiva Psicológica: Em vez de cortar, foque na qualidade e na moderação. Entenda que nenhum alimento isolado é o “vilão”. Aprenda a comer com equilíbrio, sem proibições que alimentem a culpa.

Mito 2: “Quanto mais restrição, mais rápido o resultado.”

A ideia de que “sofrer para emagrecer” é eficaz é um dos mitos mais perigosos. Dietas extremamente restritivas até podem gerar uma perda de peso inicial rápida, mas são insustentáveis a longo prazo. O corpo humano não foi feito para viver em constante estado de privação.

  • Efeito Sanfona (Yo-Yo): A restrição severa desacelera o metabolismo como mecanismo de defesa do corpo. Ao retomar a alimentação “normal”, o corpo estoca mais calorias, levando ao reganho de peso (e muitas vezes, mais do que o inicial).
  • Obsessão por Comida: A mente fica constantemente focada na comida, nos alimentos proibidos e nas regras da dieta, gerando ansiedade e estresse.
  • Impacto na Autoestima: O fracasso em manter a dieta é interpretado como uma falha pessoal, abalando a autoconfiança.

Perspectiva Psicológica: A sustentabilidade é a chave. Pequenas mudanças consistentes e um plano alimentar flexível e prazeroso são muito mais eficazes para a saúde física e mental do que restrições severas e temporárias.

Mito 3: “Alimentos são ‘bons’ ou ‘ruins’.”

Essa categorização moral dos alimentos cria uma relação dicotômica e culposa com a alimentação. Ao rotular alimentos como “proibidos” ou “vilões”, estamos alimentando um julgamento interno que afeta nossa autoestima e nossa capacidade de fazer escolhas conscientes.

  • Culpa e Vergonha: Comer um alimento “ruim” gera culpa e vergonha, que podem desencadear um ciclo de comer emocional e punição.
  • Pensamento “Tudo ou Nada”: Um pequeno “deslize” pode levar a “já que eu furei a dieta, vou comer tudo agora”, anulando todo o esforço.
  • Medo de Comer: Algumas pessoas desenvolvem um medo irracional de certos alimentos, dificultando a participação em eventos sociais e a liberdade alimentar.

Perspectiva Psicológica: Não existem alimentos “bons” ou “ruins”, mas sim alimentos mais ou menos nutritivos e adequados para diferentes momentos e quantidades. A chave é a moderação e o equilíbrio, permitindo-se desfrutar de todos os alimentos sem culpa excessiva.

Mito 4: “Preciso estar motivado o tempo todo para seguir a dieta.”

A motivação é um sentimento flutuante. Basear o sucesso de um processo de mudança de hábitos em um estado emocional constante é irrealista e gera frustração. A disciplina e a construção de novos hábitos são mais importantes que a motivação inicial.

  • Falta de Consistência: Quando a motivação inicial diminui (e ela sempre diminui), a pessoa desiste.
  • Procrastinação: Esperar a “motivação perfeita” para começar.
  • Crença Limitante: A ideia de que “se não estou motivado, sou fraco(a)”.

Perspectiva Psicológica: Foco na construção de hábitos saudáveis e na rotina. Comece pequeno, crie metas realistas e celebre as pequenas conquistas. Entenda que a disciplina vem antes da motivação, e que a motivação, muitas vezes, é resultado de ver o progresso. A autodisciplina, e não a motivação, é o motor da mudança sustentável.

Mito 5: “A balança é o único indicador de sucesso.”

Fixar-se no número da balança pode ser extremamente prejudicial à saúde mental. O peso corporal flutua por diversos motivos (retenção de líquidos, ciclo menstrual, massa muscular, etc.) e nem sempre reflete a verdadeira saúde e bem-estar.

  • Ansiedade e Obsessão: Pesar-se constantemente gera ansiedade e uma relação doentia com o próprio corpo.
  • Baixa Autoestima: Oscilações de peso na balança podem abalar a autoestima, mesmo que a pessoa esteja adotando hábitos mais saudáveis.
  • Ignorar Outros Ganhos: O foco exclusivo no peso impede a pessoa de perceber outros benefícios da mudança de hábitos, como mais energia, melhor sono, melhora da digestão, ou mais disposição para atividades físicas.

Perspectiva Psicológica: Alargue sua definição de sucesso. Considere outros indicadores de saúde e bem-estar: níveis de energia, qualidade do sono, humor, disposição para atividades físicas, melhora da relação com a comida, roupas que vestem melhor e, principalmente, como você se sente em relação a si mesma(o). A saúde é um estado de equilíbrio físico, mental e social, e não um número na balança.

Quebrando o Ciclo da Restrição: Um Novo Olhar para a Alimentação

Para realmente quebrar o ciclo da restrição e construir uma relação saudável com a comida, é preciso adotar uma perspectiva psicológica diferente. Aqui estão algumas estratégias:

  1. Alimentação Intuitiva: Em vez de seguir regras externas, aprenda a ouvir os sinais do seu próprio corpo: fome, saciedade e satisfação. Coma quando tiver fome e pare quando estiver satisfeito.
  2. Mindfulness na Alimentação: Coma com atenção plena. Preste atenção aos sabores, texturas e aromas. Comer devagar ajuda a perceber a saciedade e a desfrutar mais da refeição.
  3. Auto-Compaixão: Seja gentil consigo mesma(o). Entenda que deslizes fazem parte do processo. Em vez de se culpar, aprenda com a experiência e siga em frente. A auto-compaixão é um pilar fundamental da recuperação alimentar e da construção da autoestima.
  4. Desconstruir Mitos: Continue a questionar as crenças populares sobre dietas. Busque informações em fontes confiáveis e profissionais qualificados (nutricionistas, psicólogos).
  5. Foco no Bem-Estar, Não Apenas no Peso: Priorize como você se sente. O objetivo não é ser magro(a), mas ser saudável e feliz. O peso saudável é uma consequência de hábitos saudáveis e de uma mente equilibrada.
  6. Gerenciamento Emocional: Aprenda a identificar o comer emocional. Quando você busca comida para lidar com tédio, tristeza, ansiedade ou estresse, explore outras estratégias de enfrentamento (exercício, hobby, conversar com alguém, terapia).
  7. Busque Apoio Profissional: Se você se sente preso(a) no ciclo da dieta, tem uma relação conflituosa com a comida, ou suspeita de um transtorno alimentar, procure a ajuda de um psicólogo especializado em transtornos alimentares e de um nutricionista que trabalhe com abordagens mais flexíveis e intuitivas. Eles podem oferecer as ferramentas e o suporte necessários para sua jornada.

Liberte-se das Correntes da Dieta

Os mitos da dieta são poderosos e insidiosos, aprisionando muitas pessoas em um ciclo de frustração e sofrimento. No entanto, ao adotar uma perspectiva psicológica e entender que a alimentação saudável vai muito além de calorias e proibições, você pode quebrar o ciclo da restrição e construir uma relação de paz e liberdade com a comida e com seu próprio corpo.

Lembre-se: seu valor não está no seu peso ou na sua aparência, mas em quem você é. Permita-se ser gentil consigo mesma(o), ouvir seu corpo e nutrir sua mente. A verdadeira saúde começa de dentro para fora.

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Você se identificou com algum desses mitos? Compartilhe este artigo com quem precisa dessa nova perspectiva e comece sua jornada para uma vida mais leve e plena!

As informações contidas neste artigo são de caráter informativo e não substituem a consulta com profissionais de saúde qualificados. Em caso de dúvidas ou necessidade de acompanhamento psicológico ou nutricional, procure um especialista.

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